HISTÓRIAS 

HISTÓRIAS

A Borboleta Azul

 

O sol despontava no horizonte quando a borboleta azul rompeu o casulo.
Emocionada por ter suas asas abertas pela primeira vez, voou durante todo o dia.
Batendo as asas intensamente, ela queria prolongar a sensação de liberdade após meses vividos no casulo, enquanto se transformava de lagarta em borboleta.
Somente quando as estrelas começaram a acender suas luzes, ela pousou e repousou.

Ao amanhecer, alçou voo novamente. Entusiasmada com a liberdade conquistada, queria voar um pouco mais longe; e assim fez durante alguns dias.
Sobrevoou o rio e viu suas águas cristalinas, conheceu a mata fechada e provou de saborosos frutos. Depois voou mais distante ainda, descobriu um recanto de flores delicadas e experimentou seu néctar.

A borboleta azul ficou encantada com a beleza daquele lugar. Eram paisagens tão diferentes, mas igualmente fascinantes. Decidiu, então, retornar a cada uma delas.
Mas para sua surpresa, alguns animais quando a viram, cada um à sua maneira, deram-lhe boas-vindas. Ao se aproximar do rio, um dourado saltou das águas e agitou sua cauda saudando a borboleta. Na mata fechada, um filhote de onça ronronou suavemente e estendeu a pata em reverência. E, no recanto de flores delicadas, um beija-flor voou ao seu redor extasiado.

Lisonjeada, ela bateu suas lindas asas azuis e os rodeou fazendo leves piruetas no ar retribuindo a
gentileza de seus novos amigos. Ingênua, não compreendia o porquê de tanta reverência, afinal, era só uma borboleta – pensava ela.
Na verdade, era a mais bela de todas da região e seu azul cintilante era raro de se encontrar. Por isso, sempre que uma nova borboleta azul surgia, muitos animais demonstravam encantamento por sua beleza e delicadeza.
O que a borboleta azul também não sabia é que toda aquela formosura logo terminaria. E nenhum de seus amigos ousava contar a ela que, apesar da rara beleza, sua vida seria tão breve.

As reinações do Sr. Duke

 

O Sr. Duke é quase um lorde. De focinho comprido e corpo esguio, aparenta sua verdadeira estirpe de dálmata na postura compenetrada e rija de caçador. Mas, sem esforço, demonstra sua herança materna de vira-lata ao fugir por uma pequena fresta do portão para ganhar a liberdade na rua por algumas horas. Essa é uma das suas reinações preferidas.

Além de ser quase um lorde e um fujão experiente, Sr. Duke também é muito inteligente e gosta ele mesmo de contar suas histórias.

_Olá, pessoal! Acreditem, minha avó está falando a verdade. Sou mesmo um cachorro sabido, mas também sou simpático, brincalhão e adoro uma travessura. Então, sem rodeios, vamos a uma delas.

Há muito tempo atrás nós moramos em um sítio onde tinha muitas árvores e terra boa para cavar. Lá, havia muitos passarinhos soltos que cantavam no beiral das janelas; grilos, cigarras, lagartixas e calangos. Mas as horas passavam lentamente… Entediado que me sentia, logo procurava uma distração e, na maioria das vezes, a encontrava.

Vovó adorava as lagartixas, eu preferia os calangos. Achava divertido procurar pelos calangos que se escondiam e quando os achava, fazia-os correr para se esconderem de novo. Era uma boa diversão!

Mas, certo dia, exagerei um pouco. Encontrei um calango robusto que media bem mais que trinta centímetros. Pensei comigo – vou brincar com ele por muitas horas!

Coloquei o calango para correr e o bicho correu de medo, porque eu já era bem grande. Ele correu por todo o quintal durante um bom tempo. Mas, como não encontrou um buraco onde pudesse se esconder, de repente ele parou, ficou imóvel, congelado.

Achei que o pobre tivesse morrido e fiquei tão apavorado que comecei a jogá-lo para cima, na tentativa de reanimá-lo.

Fiz isso algumas vezes, até ouvir minha avó gritar:

– Dukeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee, larga o bicho! Não faz isso, assim você vai matar o coitado!

Levei um susto tão grande com o berro da minha avó, que soltei o calango na terra. Pois não é que o danado do calango estava vivinho da silva? Ele saiu correndo feito um foguete e deve estar escondido até hoje, porque nunca mais o encontrei no quintal.

A diversão foi boa, mas a lição que aprendi foi melhor ainda. Nunca subestime um adversário por seu tamanho, pois sua esperteza poderá surpreender!

Alô!
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escritora@patriciamontes.com.br

Prometo responder assim que
terminar minha xícara de chocolate…


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PATRÍCIA MONTÊS © 2019 - Todos os direitos reservados

   

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Desenvolvido por Laura Richelle

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