Pé-de-Amora

Que lindo pé de amora!
Árvore esguia e carregada.
Seus galhos passavam janela à dentro
perfumando a casa inteira.

Suas frutinhas doces e macias
faziam cócegas na boca.
Comê-las era divertido.
Pensar no meu pé de amora,
me traz uma lembrança saborosa.

As cigarras

A cantoria das cigarras
começava bem cedo,
enquanto vovó passava o café
pelo coador de pano.

O sol esquentava a terra,
as cigarras expandiam a algazarra.
Umas cantavam grudadas nas árvores,
outras sobre as folhas dos arbustos.

Todas porém, formando um grande coral,
nos chamavam para brincar
no imenso quintal.

Venham meninas, antes que a chuva caia.

A cerca de carambolas

Para nós, era uma imensidão de quintal,
onde brincávamos o dia inteiro
e vivíamos grandes aventuras.

No quintal havia um tatu, jabuticabas, goiabas,
uma linda parreira que vovô plantara,
e a cerca de carambolas.

Lá, guardávamos nossos segredos,
cartinhas de amor escritas para os meninos
que ao cair da tarde, vinham ao quintal nos espiar.
Sentimento puro e ingênuo de uma infância
que já não posso fazer voltar.

Que saudades da cerca de carambolas!

As avelãs

A escada que nos levava ao quintal
era comprida e sinuosa.
Seu formato nos fazia pensar
num grande caracol.

Quando vovó não nos espiava,
escorregávamos pelo corrimão
e nos divertíamos com a brincadeira.

Porém, o melhor de tudo era quebrar as avelãs.
Cada qual com sua cuia, para encher e servir à mesa.
Mas ao quebrar a casca dura, coitadas das avelãs,
quase todas rolavam escada abaixo…

Essa era a história que contávamos para vovó.
Assim, nos fartávamos das deliciosas frutinhas!